Interação com cavalos ajuda na superação de doenças como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático
Ao falar em psicoterapia ou aconselhamento emocional, a maioria das pessoas imagina um paciente deitado em um divã conversando com um psicólogo. Apesar da imagem convencional, a terapia pode seguir outros caminhos. Formas tradicionais baseadas em conversas de aconselhamento são eficazes, mas há outro método alternativo se tornando mais amplamente aceito, é a equoterapia, que utiliza a abordagem com cavalos.
A presença dos animais no processo pode proporcionar auto-descoberta e cura emocional através de uma abordagem utilizando a psico-intervenção.
Uma das utilizações mais comuns do cavalo em ambiente hospitalar é proporcionar animais domesticados para alegrar o cotidiano de pacientes em asilos. Já é comprovado que acariciar um animal pode reduzir os níveis de pressão arterial. A presença de animais de pequeno porte, como cães e gatos, pode fazer com que os pacientes se sintam mais à vontade durante tratamentos ou consultas médicas.
A terapia envolvendo cavalos foi aplicada pela primeira vez na Europa, em 1800. Desde o período, os cavalos têm desempenhado o papel de ajudar pessoas a superar uma grande variedade de doenças como depressão, ansiedade, transtornos alimentares, distúrbios do sono e estresse pós-traumático. A equoterapia também está sendo utilizada para tratar crianças com autismo, problemas comportamentais ou traumas relacionados ao abuso sexual.
Michelle Rookley, terapeuta equestre e participante de um programa em Huon Valley, na Tasmânia, diz que as sessões de terapia têm clima relaxado e informal.
“Sinto que as pessoas são atraídas por essa terapia por ela não ser clínica. As sessões ocorrem em um ambiente natural e não em um ambiente de pressão. O foco não está na pessoa como um paciente”, esclarece a especialista.
Rookley também trabalha com nutrição e incorpora esse conhecimento durante suas sessões de terapia a cavalo para auxiliar pessoas que sofrem com transtornos alimentares. A terapeuta afirma que muitos pacientes relatam sentir mais entusiasmo, poder e confiança após as sessões.
“Acreditamos que os cavalos têm um poder que é exclusivamente transformador. Eles podem nos ensinar a compaixão, respeito, humildade, paciência e gratidão”, explica a terapeuta.
Lugar dos cavalos no campo da cura
Praticar a equoterapia não é o mesmo do que andar a cavalo. É uma sessão de terapia personalizada realizada por um especialista, um conselheiro de saúde licenciado e um pequeno grupo de cavalos treinados para agirem de maneira dócil.
Diferentes países criaram diferentes modelos para a realização da equoterapia, o que pode garantir pequenas diferenças nos métodos de condução do tratamento. Na Austrália, uma sessão típica encaminha o paciente para tarefas fundamentais com os cavalos, como conduzi-los ao longo de um percurso de obstáculos ou escová-los. Quando a sessão com os cavalos termina o participante é convidado a verbalizar sobre os pensamentos e sentimentos que surgiram durante as atividades. O trabalho do terapeuta está em destacar os temas a serem abordados. Através da discussão e da autorreflexão, o paciente pode tornar-se consciente das noções negativas ou dos padrões de pensamento, o que pode resultar em uma mudança holística.
E por que os cavalos? Os cavalos são animais muito sensíveis, que andam em agrupamentos, o que os tornam mais atentos aos sentimentos e linguagem corporal de seus semelhantes. Essa sensibilidade também garante a eles uma boa leitura corporal dos seres humanos sem pré-julgamentos. Através de interações observadas entre os participantes e os cavalos, o terapeuta pode obter insights sobre os padrões de comportamento e os obstáculos mentais que o participante pode ter em seu subconsciente.
“Muitas vezes, os cavalos estão refletindo questões internas de uma pessoa e de saúde mental e emocional, embora, às vezes, não de maneira óbvia. Em um grupo, muitas pessoas podem se conectar aos cavalos, que refletem a sua visão e personalidade”, garante Rookley.
Benefícios da equoterapia
A equoterapia não se restringe a pessoas que necessitam de psicoterapia. Essa abordagem também está sendo usada por profissionais de empresas que pretendem desenvolver habilidades para a vida, como liderança, auto-confiança, motivação e compreensão.
Outra abordagem da terapia com cavalos está no campo da filosofia. Essa forma de trabalho propõe que crianças e adolescentes aprendam sobre si próprios e sobre a importância de um comportamento socialmente aceitável. O método tem apresentado bons resultados em crianças com Transtorno de Déficit de Atenção (ADD), agressivas ou com comportamentos antissociais.
Rookley ajudou uma grande variedade de pessoas em sua comunidade através da equoterapia. Ela tem auxiliado crianças que não sabem lidar com traumas, pessoas que passam por momentos dolorosos e pacientes que sofrem de distúrbios alimentares.
Durante uma sessão coordenada pela especialista, um participante é colocado no papel de líder e comunicador que guiará o cavalo sem ser dominador ou assustá-lo. Através dessa aprendizagem, Rookley acredita que esse tipo de terapia pode desempenhar um papel positivo na redefinição de limites pessoais saudáveis e na reconstrução de relações familiares.
“A equoterapia pode ser benéfica para as famílias que procuram reestruturar seus padrões de interação. Ela ajuda na redescoberta de si mesmo, dos outros e do mundo em que vivemos de uma maneira saudável”, afirma Rookley.
Não há pré-requisitos para fazer a equoterapia. Tudo o que o paciente precisa para participar é ter vontade de se conectar aos cavalos e uma mente aberta.
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