terça-feira, 11 de agosto de 2009

Cães auxiliam no tratamento de portadores da doença de Alzheimer


Barney, um cão bassé de 1 ano e meio, tem ajudado Léa Teixeira do Val Moura, de 74, a enfrentar os primeiros sinais da doença de Alzheimer. Com distúrbio de memória, ela se esquece, às vezes, de nomes, rostos e datas, mas jamais do cão: “Barney está com fome!”, “Vocês já deram água para ele?”, vai perguntando a senhora que sempre amou os animais.

A ligação de Léa com o cachorro faz parte de um tratamento. O projeto Pet terapia foi implantado pelo geriatra Renato Maia, no Hospital Universitário da Universidade de Brasília (UnB). Chefe do Centro de Medicina do Idoso (CMI) e presidente da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria, ele afirma que “os animais têm lugar de destaque na reabilitação de idosos e, fundamentalmente, na promoção do bem-estar dos mais velhos”.

O projeto durou até o ano passado, para avaliar o impacto de cães na estimulação de pacientes com doença de Alzheimer. Coordenado pela médica veterinária Damaris Rizzo, envolveu, além de Barney, um animal adulto da raça golden retriever, sob rígido controle sanitário e de higiene.

“O cão comparecia às sessões usando um colete com a identificação do CMI, para designar sua função de ´terapeuta´” A despeito de sua docilidade, o animal era mantido sob controle da médica veterinária com uma guia.

Antes do início do programa, de acordo com o geriatra, pacientes e familiares foram questionados sobre a possível concordância com a terapia e a eventual fobia a cães por parte de alguns deles. “Antes da exposição do animal, os pacientes eram avisados do que iria ocorrer. A entrada do cão já era motivo de alegria e de risadas dos participantes. Eles eram convidados a afagar o cão, repetir o nome do animal e falar sobre a coloração da pelagem. Os resultados foram surpreendentes”, explica.

Efeitos

A técnica pode ajudar os pacientes a ativar a memória recente, a mais afetada pela doença. Além de melhorar o humor e estimular o contato físico. A iniciativa – única do gênero no Brasil e recebida com entusiasmo pelo diretor do CMI foi de três veterinárias.

As médicas veterinárias Damaris Rizzo, Esther Odenthal e Renata Guina querem mostrar que com a vacinação em dia e treinamento correto, os cães podem ser uma alternativa a mais no tratamento de várias doenças.

Hoje no Brasil, por exemplo, a única forma de terapia com animais prescrita por médicos é a equoterapia, na qual cavalos são utilizados no auxílio ao tratamento de problemas como autismo ou síndrome de down.

Embasadas por estudos norte-americanos e europeus que mostram os benefícios da pet-terapia no atendimento a pacientes com outros tipos de enfermidades, as veterinárias buscaram parcerias para iniciar o trabalho. Somente o Centro de Medicina do Idoso aceitou o desafio

A terapia realizada com os pacientes portadores de Alzheimer surtiu efeitos imediatos: alguns idosos conseguiram lembrar os nomes dos cachorros ao final de cada sessão; os pacientes chegaram a comentar em casa que havia no hospital dois cachorros, um preto e um branco; o humor e a atenção de todos melhoraram; pacientes antes monossilábicos, em contato com os cães, passaram a conversar mais.

“Os animais quebram a barreira da comunicação e isso é importantíssimo não só para o idoso como para seus familiares”, diz Damaris. O geriatra Renato Maia atesta a melhora: “Observamos diferenças positivas principalmente no aspecto afetivo dos pacientes, que ficaram muito mais contentes”.

Cão terapeuta

Para ser um cão-terapeuta, é preciso cumprir alguns requisitos. O animal deve ser:

– Treinado: o treinamento é o básico, que permite que o cão obedeça aos principais comandos e possa ser facilmente controlado pelo proprietário;
– Dócil: é mais que manso, o animal não pode atacar e deve aceitar vários tipos de manipulação, como o puxar do rabo, das orelhas, carinhos e afagos em qualquer parte do corpo, etc;
– Saudável: o cão deve passar por check up mensal, ser vacinado, estar livre de qualquer doença infectocontagiosa, tomar banho antes da sessão de pet-terapia, além de passar por uma avaliação psicológica para que se verifique se ele é apto a esse tipo de trabalho.


Com informações de Saúde Plena e UnB
Edição: Clarissa Poty

Um comentário:

  1. Nossa, esse site caiu do céu, estou fazendo meu TCC sobre a Pet Terapia.

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