A tênue linha entre o que faz bem e o que faz mal
A relação entre o homem e os animais é extremamente positiva, trazendo benefícios maravilhosos para ambos, mas pode causar dependência.
O lado positivo desta relação baseia-se na companhia, na diversão, na redução de tensão e também o animal atua como facilitador social, agregando pessoas, diminuindo assim o isolamento de indivíduos, especialmente nas grandes cidades, em que as relações sociais encontram-se cada vez menos favoráveis entre os humanos.
No entanto, médicos e psicólogos chamam a atenção para exageros, que cada vez mais são comuns nesta relação.
Estes exageros levam à dependência do proprietário para com o seu animal, ou seja, o animal vira o centro da vida da pessoa e seus desejos passam a ser prioridades. Muitas vezes as pessoas se isolam, negando-se a se relacionar com outros seres humanos em função de uma desconfiança doentia, acreditando que ninguém mais é digno de confiança; apenas o animal o é.
Normalmente são pessoas que de alguma forma passaram por decepções ou grandes frustrações na vida. Existe até aquela máxima muito comum que ouvirmos em nossos consultórios, que é “Quanto mais eu conheço do homem, mais eu gosto do cão.”
Alguns indivíduos que estreitam muito esta relação com os seus animais de estimação, especialmente cães e gatos, apresentam a famosa ansiedade de separação, ou seja, são pessoas que inclusive já apresentavam uma predisposição à dependência ou dificuldade de relacionamentos e por isto apresentam grande dificuldade de separar-se do seu bicho, mesmo por pouco tempo, logo dificilmente viajam, passeiam ou têm uma vida social ativa.
Do ponto de vista dos médicos veterinários esta relação antes mesmo de ser danosa para o próprio proprietário, já o é para o animal há muito tempo. Normalmente são animais mimados, inseguros, humanizados, que já apresentam sintomas ou características de personalidade dos seus donos.
Normalmente quando adoecem são de difícil tratamento, apresentam personalidades muito próprias e definidas, não se submetendo mais a nenhuma regra que sem sucesso seu dono o tenta impor. Podem inclusive perder parte de suas atitudes instintivas, obviamente em função do afastamento de sua própria natureza.
Por isto, o bom senso deve sempre prevalecer em quaisquer relações, tendo como ideal o equilíbrio das emoções, evitando-se, assim, um grande erro: tratar os animais como pessoas ou crianças.
Marcos Eduardo Fernandes é veterinário homeopata e mestre em saúde pública pela USP - www.marcosfernandes.vet.br
Fonte: Revista Pequenos Cães
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