Satine, Serena, Freud, Lea e Lumpy têm em comum uma “profissão” especial: são cães-terapeutas hospitalares. Todos estavam presentes no I Encontro Regional de Pet Terapia Hospitalar do Complexo de Saúde Irmã Dulce de Praia Grande, ocorrida terça-feira (4), ao lado de seus donos - pessoas que acreditam na interação homem e animal como sinônimo de saúde. Pet terapia, também chamada de zooterapia existe no Irmã Dulce desde 2009.
Realizado exatamente no dia em que se comemora o Dia Mundial dos Animais e de são Francisco de Assis, o evento reuniu cerca de 100 pessoas no anfiteatro do hospital. Profissionais de saúde e segurança, voluntários, pacientes, funcionários e interessados em saber mais sobre o tema marcaram presença. A abertura foi feita pelo secretário de Saúde de Praia Grande, Adriano Springmann Bechara.
A presença dos cães deixou evidente o quanto eles contribuem com sua alegria para humanização no atendimento. Para quem ainda tinha dúvidas sobre os resultados positivos da pet terapia, o médico pediatra Paulo Sérgio Baldin, um dos palestrantes, citou estudo publicado pelo American Journal of Critical Care, em que se avaliou 75 pacientes de Terapia Intensiva. O grupo que interagiu com animais por 12 minutos apresentou índices clínicos melhores que o que não interagiu.
Baldin foi o percussor da pet terapia na região, ao levar o labrador Nanquim ao Hospital Guilherme Álvaro (HGA), em Santos. Ele falou dessa experiência, relatando que observou bom resultado em psiquiatria. Hoje, a pet no HGA está a cargo da organização não-governamental Dr. Au Au, conduzida pela jornalista Victória Girardelli, presente no encontro com seu schnauzer Freud.
Pouco antes da abertura, os cães Freud e Victória circularam pelas alas e visitaram a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto. “Estivemos na UTI e foi emocionante. Fomos conhecer o hospital, roubando a vaga da Satine, brincou a jornalista.”
Para os pacientes – crianças e adultos, a visita do cão traz bem-estar e alegria, ajudando a fortalecer a imunidade, proporcionando calma, estimulando a interação social e colaborando para equilibrar a pressão arterial. “Estudos mostram que eles são capazes de auxiliar no tratamento de vários tipos de doenças, psíquicas e físicas”, afirmou Victória.
Para a médica Lessina Coelho Reis e Silva, ao lado do poodle Lumpy e da golden retriever Lea, o animal reduz o estresse no trabalho hospitalar: “A melhora não é só para o paciente, mas para funcionários e acompanhantes, que também relaxam”, disse.
A ideia de promover um encontro regional partiu da fonoaudióloga Eliane Blanco, proprietária da golden retriever Satine e responsável pela pet terapia no Irmã Dulce, com o apoio da Comissão de Humanização. Em seu relato, Eliane contou como funciona o projeto, a colaboração do Canil da Guarda Civil Municipal e os desafios de como ampliar o atendimento com novos cães e transformar o projeto em programa.
A participação do Canil da Guarda Civil Municipal de Praia Grande despertou o interesse de corporações de Santos e São Vicente, que prestigiaram o encontro. Com a border collie Serena, o inspetor Wagner Geraldo da Silva falou sobre a atividade, citando que buscou aprimorá-la fazendo curso em Pirassununga, promovido pela Faculdade de Veterinária da USP.
Dicas sobre perfil de animais para a pet terapia e como o dono deve agir, foram dadas pela veterinária Maria Fernanda Gonçalves, que responde pela Divisão de Controle de Zoonoses da Sesap. Entender o animal, respeitar seus limites, demonstrar agrado e cuidar da sua saúde foram alguns conselhos. E, como todo profissional, ter descanso e momentos de descontração. “O animal precisa fazer o que quer, agindo espontaneamente”, concluiu a veterinária.
Pet terapia - o outro lado da Guarda Civil
Incentivadas pelo inspetor Wagner Geraldo da Silva, as brincadeiras de Serena ajudam pacientes infantis e adultos a enfrentar o processo de internação com mais tranquilidade, revelando que segurança e saúde podem caminhar juntas. Nos momentos de visita da mascote, que atua no projeto Pet Terapia (ou terapia assistida com animais) do Irmã Dulce, surge um lado da guarda pouco conhecido da comunidade.
No I Encontro Regional de Pet Terapia Hospitalar do Complexo de Saúde Irmã Dulce, realizado na última terça-feira (4) no anfiteatro do hospital, o inspetor contou sobre a participação do Canil da GCM na pet terapia, inicialmente com o labrador Chocolate, atualmente com Serena.
Para fazer a terapia assistida, os cães passam por uma avaliação prévia que verifica que correspondem ao perfil necessário, tendo que ser dóceis e obedientes. A próxima etapa é passar por treinamento. Estando com a saúde perfeita, vacinados e vermifugados, eles tomam banho e têm as patas higienizadas antes de entrar no hospital. Os cães que fazem pet no Hospital Guilherme Álvaro (HGA), como a golden retriever Lea, também presente no encontro, usam até sapatos especiais.
CURSO - A convite da fonoaudióloga Eliane Selma do Valle Blanco, responsável pela pet terapia no Hospital Irmã Dulce, o Canil da GCM aceitou ser parceiro e demonstrou, na pessoa do inspetor Geraldo, interesse em aperfeiçoar a ação, participando de curso sobre zooterapia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, em Pirassununga (SP). Outra iniciativa foi uma mudança visual. Para se apresentar de forma mais leve às crianças, a guarda inovou com uma camiseta azul clara com a inscrição “Canil” ao invés da tradicional farda escura, que permanece na calça e coturnos.
Quem observa o inspetor Wagner Geraldo da Silva interagindo com crianças internadas na Pediatria do Hospital Municipal Irmã Dulce, ao lado da border collie Serena, não o associa ao setor de segurança pública, mas ele trabalha na Guarda Civil Municipal (GCM) de Praia Grande.
Triste pela morte do rottweiler Blade na semana anterior, cão da guarda que ficou nacionalmente conhecido por aparecer num programa de televisão, o inspetor Geraldo citou momentos marcantes em suas visitas com Serena ao Irmã Dulce. “Lembro de uma senhora idosa que chorou quando viu a Serena porque se lembrou do animal que ela teve, emocionou-se ao reviver um momento da vida dela”, citou. “E de um amigo bombeiro internado aqui, um homem forte, que reagiu com tanta alegria quando viu o animal que quase pulou da cama.”
A médica Lessina Coelho Reis e Silva, que levou a golder Lea e o poodle Lumpy, ambos cães-terapeutas no HGA, observou que o animal tem o poder de fazer emergir a espontaneidade das pessoas, inclusive de profissionais que vivenciam momentos difíceis. Contou que certa vez chorou com uma criança que chorava por querer ficar com o cão. “Ficamos frios diante de algumas situações”, pontuou. “Não conseguia me lembrar da última vez que havia chorado. Aquela criança chorava de forma tão límpida que eu tive oportunidade de voltar a sentir coisas que já não conseguia sentir por conta do trabalho.”
Representantes das Guardas Civis de Praia Grande, Santos e São Vicente compareceram ao I Encontro Regional de Pet Terapia Hospitalar do Irmã Dulce, promovido pela Comissão de Humanização do complexo, com o objetivo de chamar atenção para a importância terapêutica da pet terapia hospitalar, já que no Irmã Dulce os resultados com a Satine e a Serena são excelentes, avaliou a coordenadora da comissão, Nádia Regina Almeida Manzon. (Fonte: Decom/PMPG - fotos: Decom/PMPG e Maitê Morelatto)
Morreu Blad - Vítima de um câncer, morreu no dia 30 de setembro, Blade, cão da Guarda Civil Municipal de Praia Grande que ajudou a divulgar para todo o Brasil, o nome do município, participando com seu treinador, Márcio Rogério Santos, de vários campeonatos.
Segundo Márcio Rogério Santos, a partir da atuação de Blade, as pessoas começaram a reconhecer o canil de Praia Grande como um canil de qualidade, competente, especialmente no trabalho com cães, afirmando que o rottweiler teve uma passagem rápida, mas marcante. “Aonde nós vamos todo mundo pergunta dele, as crianças vêem os outros cachorros e sempre perguntam: é o Blade?”.
Órfão de amigo e de parceiro de trabalho, Santos aguarda o nascimento do filhote de Brutus, outro rottweiler do canil, que deve nascer em aproximadamente dois meses. “Vou escolher um na matilha, o mais forte e darei o nome de *Aquiles, em homenagem ao Blade, que me deixou uma lição de superação”. O companheirismo de Blade e de Santos, ficará na história do Município e no coração dos integrantes da Guarda Civil Municipal. (*Quando Blade chegou ao canil, entregue por seu antigo dono, por ser muito violento, chamava-se Aquiles).
Fonte: Jornal Espaço Aberto