sábado, 8 de outubro de 2011

Pet terapia: o outro lado da Guarda Civil

Guardas e cães se unem para levar amor e alegria aos pacientes do Hospital Municipal Irmã Dulce
 
 
Jairo Marques
Guardas e cães se unem para levar amor e alegria aos pacientes
Quem observa o inspetor Wagner Geraldo da Silva interagindo com crianças internadas na Pediatria do Hospital Municipal Irmã Dulce, ao lado da border collie Serena, não o associa ao setor de segurança pública, mas ele trabalha na Guarda Civil Municipal (GCM) de Praia Grande. Incentivadas pelo inspetor, as brincadeiras de Serena ajudam pacientes infantis e adultos a enfrentar o processo de internação com mais tranquilidade, revelando que segurança e saúde podem caminhar juntas. Nos momentos de visita da mascote, que atua no projeto Pet Terapia (ou terapia assistida com animais) do Irmã Dulce, surge um lado da guarda pouco conhecido da comunidade.

No I Encontro Regional de Pet Terapia Hospitalar do Complexo de Saúde Irmã Dulce, realizado na terça-feira (4) no anfiteatro do hospital, o inspetor contou sobre a participação do Canil da GCM na pet terapia, inicialmente com o labrador Chocolate, atualmente com Serena. Brincalhão, o labrador foi reprovado no quesito incontinência urinária, já que machos costumam urinar para marcar território: “Acho que Chocolate ‘batizou’ todos os cantos do hospital”, brincou. “A Serena é um pouco hiperativa, mas buscamos achar o ‘timing’ dela.”

Para fazer a terapia assistida, os cães passam por uma avaliação prévia que verifica que correspondem ao perfil necessário, tendo que ser dóceis e obedientes. A próxima etapa é passar por treinamento.

Estando com a saúde perfeita, vacinados e vermifugados, eles tomam banho e têm as patas higienizadas antes de entrar no hospital. Os cães que fazem pet no Hospital Guilherme Álvaro (HGA), como a golden retriever Lea, também presente no encontro, usam até sapatos especiais.

Curso - A convite da fonoaudióloga Eliane Selma do Valle Blanco, responsável pela pet terapia no Hospital Irmã Dulce, o Canil da GCM aceitou ser parceiro e demonstrou, na pessoa do inspetor Geraldo, interesse em aperfeiçoar a ação, participando de curso sobre zooterapia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, em Pirassununga (SP).

Outra iniciativa foi uma mudança visual. Para se apresentar de forma mais leve às crianças, a guarda inovou com uma camiseta azul clara com a inscrição “Canil” ao invés da tradicional farda escura, que permanece na calça e coturnos.

Triste pela morte do rottweiler Blade na semana anterior, cão da guarda que ficou nacionalmente conhecido por aparecer num programa de televisão, o inspetor Geraldo citou momentos marcantes em suas visitas com Serena ao Irmã Dulce. “Lembro de uma senhora idosa que chorou quando viu a Serena porque se lembrou do animal que ela teve. Emocionou-se ao reviver um momento da vida dela”, citou. “E de um amigo bombeiro internado aqui, um homem forte, que reagiu com tanta alegria quando viu o animal que quase pulou da cama.”

A médica Lessina Coelho Reis e Silva, que levou a golder Lea e o poodle Lumpy, ambos cães-terapeutas no HGA, observou que o animal tem o poder de fazer emergir a espontaneidade das pessoas, inclusive de profissionais que vivenciam momentos difíceis. Contou que certa vez chorou com uma criança que chorava por querer ficar com o cão. “Ficamos frios diante de algumas situações”, pontuou. “Não conseguia me lembrar da última vez que havia chorado. Aquela criança chorava de forma tão límpida que eu tive oportunidade de voltar a sentir coisas que já não conseguia sentir por conta do trabalho.”

Representantes das Guardas Civis de Santos e São Vicente compareceram ao I Encontro Regional de Pet Terapia Hospitalar do Irmã Dulce, promovido pela Comissão de Humanização do complexo. Para o inspetor Geraldo, aumenta o interesse nessa atuação: “Nosso foco é a recuperação dos pacientes. Espero que, com este evento, a pet terapia hospitalar tome uma proporção maior na região”.

Fazendo um balanço positivo do encontro, a Comissão de Humanização espera realizar o segundo evento do tipo em 2012, reunindo não apenas hospitais da Baixada Santista, mas também outros de São Paulo e região, gerenciados pela Fundação do ABC (FUABC). “O intuito foi chamar atenção para a importância terapêutica da pet terapia hospitalar, já que no Irmã Dulce temos resultados excelentes com a Satine e a Serena. Inclusive, queremos ampliar o projeto com novos animais e voluntários”, avaliou a coordenadora da comissão, Nádia Regina Almeida Manzon. “Esperamos contar com um número maior de hospitais participantes e ampliar a programação no próximo ano.”
 
Fonte:PG Noticias

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