quarta-feira, 15 de maio de 2013

Terapeutas que latem e miam


Quando os filhos foram embora, o companheiro faleceu, a aposentadoria chegou — pode ser o momento de adotar um pet. Os bichos são uma fonte de amor incondicional e companheirismo, além disso, representam uma "preocupação saudável". Hoje em dia, o papel afetivo das mascotes é reconhecido, inclusive, por psicólogos. 

Quando os filhos saem de casa, muitos pais se sentem desmotivados. A esteticista Áurea Figueira, 74 anos, sempre gostou de animais, mas foi a solidão que a levou a adotar três cachorrinhos da raça pinscher. "Os filhos já estavam crescidos e vi nos animais uma maneira de preencher meu tempo", diz. No fim das contas, Áurea se separou do marido, os filhos se casaram, os pinchers morreram e ela não tardou a comprar outro pet, um poodle. Agora é Beethoven seu amigo de aventuras. "É bom saber que existe um ser interessado na gente", confessa. 

A chamada síndrome do ninho vazio chega assim que os filhos crescem e vão morar sozinhos. Os pais se sentem tristes durante um tempo, mas é uma melancolia com hora para acabar. "A síndrome é explicada não só pela ausência do filho, mas pelo fim de um ciclo. O casal precisa se adequar a uma nova ordem familiar", explica o psicólogo Lucas Bezerra. Nessa fase, adquirir um pet pode ajudar, no entanto, não resolverá problemas conjugais. Segundo Bezerra, muitos casais usam os filhos como artifício para esconder problemas da vida a dois. A indicação do psicólogo é nunca descuidar da relação homem-mulher. 

Se a tristeza continua, pode evoluir para uma depressão. "Nas mulheres mais velhas, a menopausa tende a piorar o quadro, pois mina a autoestima delas", comenta o especialista. A personalidade de cada um também interfere no modo como a situação é encarada. Mesmo que a separação seja previsível, os pais costumam sofrer. "Outros fatores também podem intensificar esse estado de tristeza, como o motivo pelo o qual o filho está saindo ou o tipo de relação do filho com os pais, no caso de pais superprotetores", observa Bezerra. Não à toa, alguns filhos, sabendo da solidão dos pais, os presenteiam com um pet. É o caso da aposentada Ana da Silva, que ganhou do filho a cachorrinha Pandora. O presente veio assim que o marido de Ana faleceu, há seis anos. "Digo que ela é minha amiga, e tenho o maior prazer em cuidar dela", comenta. 

A adoção de um animal em períodos de separação e luto favorece a comunicação e atua como redutor da ansiedade. A psicóloga Karen Thomsen trabalha com terapia assistida por animais (TAA) há sete anos e explica como a presença do animal ajuda em momentos difíceis. "O pet desenvolve em nós maior sensibilidade, responsabilidade e respeito pelo próximo. É, comprovadamente, benéfico para nossa saúde — reduz a pressão arterial, melhora a imunidade e nos mantém calmos e alegres", afirma Karen. Esse convívio pode, inclusive, aumentar os níveis de serotonina e oxitocina, hormônios responsáveis pelo bom humor e pelo amor materno. 

Os benefícios vão além das questões psicológicas: ter um pet proporciona também saúde física. Ao sair com o cão para passear, o dono acaba se exercitando. "No caso de idosos, os bichos representam ótima companhia e motivação para viver. O idoso passa a ser um cuidador", observa a psicoteraupeuta. As mascotes facilitam, inclusive, as relações sociais. "Ao sair para caminhar com o cão, o idoso também conhece novas pessoas", ressalta Karen. 

A terapia assistida por animais é uma técnica usada por profissionais da área da saúde que escolhem animais treinados para auxiliar na reabilitação e tratamento de seus pacientes. Algumas raças são mais indicadas para a convivência com pessoas idosas. O labrador, por exemplo, é um cão muito dócil, que pode ser treinado para guiar deficientes visuais. Entre os gatos, o persa se destaca, pois é caseiro, tranquilo e adora receber carinho. 


Como os animais ajudam os donos 


- Eles reduzem a ansiedade e a depressão 

- Melhoram a autoestima 

- Desviam o do foco da dor física e/ou emocional ao propiciar a retomada de boas lembranças 

- Facilitam a expressão emocional e a comunicação 

- Promovem a capacidade funcional nas áreas cognitiva e motora de uma forma lúdica 

Fonte: Blog Mais Bichos

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