Fonte: http://www.scientific.com.br/
É possível que durante algum tempo a evolução na qualidade do contato com pacientes em hospitais não tenha sido equivalente aos inúmeros avanços científicos das áreas da saúde. Mas hoje em dia os melhores hospitais mantêm um constante aprimoramento em busca do atendimento adequado. O atendimento hospitalar precisa ser humano.
A humanização do atendimento não começa a ser praticada da noite pro dia. Como qualquer organização, pública ou privada, composta por pessoas e com uma cultura própria estabelecida, o hospital precisa se preparar para mudanças nos costumes e atividades da sua rotina. Por exemplo, a decisão de permitir que pacientes recebam a visita de seus animais de estimação pode gerar algum receio por parte de pessoas que têm alguma alergia, trauma ou simplesmente não estão acostumadas a conviver com animais domésticos em hospitais. A instituição deve ter subsídios para justificar sua decisão, a fim de tranquilizar todos os pacientes, e se preparar para novas exigências, assegurando a existência de procedimentos bem definidos e uma cultura de controles internos sólida, mitigando qualquer risco que possa comprometer a qualidade em todos os detalhes do atendimento. Isso requer treinamento e disciplina de todos os profissionais envolvidos. Para que se tenha uma ideia, foram necessários três anos de testes para que a direção do hospital Albert Einstein conquistasse as credenciais para permitir a entrada de animais de estimação nas suas instalações.
Mesmo nos Estados Unidos, onde tal prática é mais comum, os hospitais que a realizam representam a minoria. Eles apresentam políticas variadas entre si, o que é absolutamente normal se considerarmos as diferentes culturas organizacionais, mas há um consenso quanto a algumas regras. Por exemplo, é indispensável a apresentação de um atestado veterinário confirmando que o animal está saudável e com as vacinas em dia. Em qualquer hospital, nos corredores os cães devem ser conduzidos na guia e os gatos transportados em caixas apropriadas. Nos quartos compartilhados, é necessário o expresso consentimento de todos os internados.
Um estudo encontrou bactérias comumente causadoras de infecções hospitalares em cachorros que visitaram pacientes internados. Na realidade, as bactérias teriam sido transmitidas aos cães dentro do hospital. Esta pesquisa foi realizada em um hospital que pratica terapia assistida por animais, conhecida como Zooterapia. Nos Estados Unidos este tipo de tratamento é feito há algumas décadas. No Brasil, foi introduzido em 1997, por meio do projeto Pet Smile, liderado pela médica veterinária e psicóloga Dra. Hannelore Fuchs, cuja tese de doutorado explorou o significado psicológico do animal de estimação.
A companhia de animais a pacientes internados e seus impactos é um tema ainda pouco explorado cientificamente. Mas há uma pequena pesquisa realizada em 2010 na Virginia Commonwealth’s Center for Human-Animal que verificou efeitos positivos, como relaxamento e redução da pressão arterial e dos níveis de cortisol (hormônio relacionado ao estresse). Os autores sugerem a replicação deste estudo com amostras maiores, para confirmação deste resultado. Mas depoimentos de pacientes e familiares confirmando os benefícios da interação com animais de estimação não faltam.
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