quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A Terapia Ocupacional e o Terapeuta Canino


por Melina Nucci de Oliveira


O Terapeuta Ocupacional é um profissional que não tem limites em suas estratégias de tratamento. É por isso que faz parte da nossa entrevista com o paciente pesquisar seus gostos, seus interesses, seus hobbies e tudo o que lhe agrada. Quando estamos na escola e apresentamos dificuldades em matemática, por exemplo, não temos nem vontade de chegar perto dos exercícios, pois não temos interesse em fazer o que consideramos difícil. Em contrapartida, se gostamos de português, apresentamos um bom desempenho nas aulas, temos interesse no que há para aprender e conseguimos boas notas nas provas.

Nossos interesses tem influência direta no nosso desempenho, e o bom da Terapia Ocupacional é que, geralmente, podemos incluir os interesses dos pacientes em suas atividades direcionadas, tornando o momento prazeroso e obtendo melhores resultados, uma vez que estaremos trabalhando justamente algo em que ele apresente dificuldade.

E o que o cachorro tem a ver com isso?
Não são poucos os pacientes que possuem cachorros, ou que gostam deles. Assim, o Terapeuta Ocupacional pode utilizá-lo como recurso terapêutico para trabalhar demandas físicas, cognitivas, psíquicas, sociais, sensoriais, e assim por diante. É preciso sempre adaptar a atividade para que esta se torne terapêutica e significativa para o tratamento do paciente.

Assim, como grande amante de cachorros, comecei a pesquisar a respeito de seu papel terapêutico quando estava no terceiro ano da faculdade e descobri várias informações interessantes:

- Pessoas que convivem com cães têm a pressão arterial mais regular e níveis melhores de colesterol e triglicérides que as demais pessoas;

- A presença de cães diminui a incidência de depressão em idosos por aumentar a produção de endorfina, e aumenta a sobrevida de vítimas do infarto do miocárdio;

- A convivência de crianças com cães diminui a incidência de asma e rinite alérgica;

- Pessoas autistas conseguem desenvolver sua interatividade com a ajuda dos cães;

- Entre muitos outros benefícios.

Os cães terapeutas devem ser devidamente adestrados e limpos para participar dos tratamentos. Os resultados da introdução do co-terapeuta canino costumam ser muito positivos, e podemos explorá-los de diversas formas para desenvolver habilidades em nossos pacientes:

- Habilidades físicas: coordenação motora, função bimanual, amplitude de movimento, força muscular, treino de marcha ortostática e outros componentes de desempenho motores podem ser estimulados com atividades como pentear o pelo do cachorro, prender laços, jogar a bola ou o brinquedo para que ele busque, levá-lo passear, carregá-lo, alimentá-lo, entre outras;
-Habilidades cognitivas: atenção, memória, orientação temporal, orientação espacial, organização e associações podem ser trabalhadas com os cuidados do cão, estabelecimento de horários para sua alimentação e passeio, comparação de tamanhos, cores e partes do corpo de cães diferentes, estabelecimento de limites de espaço para sua circulação na residência, pesquisa sobre as características das raças, e assim por diante;

- Habilidades psíquicas: auto-estima, motivação e carência afetiva, por exemplo, podem ser estimuladas pela presença e aceitação por parte do cachorro;

- Habilidades sensoriais: sensibilidade tátil, percepção visual e audição podem ser explorados nas sensações entre os diferentes tipos de pelos, cores e latidos;

- Habilidades sociais: interação com o meio ambiente, responsabilidade e cuidado com o próximo são também desempenhos adquiridos ao conviver com um cachorro, além de aproximar pessoas que também partilham desta mesma paixão!

Assim, o Terapeuta Ocupacional pode explorar sua criatividade na prescrição de atividades, dependendo do que precisa ser estimulado. O importante é auxiliar nossos pacientes a atingir a sua máxima capacidade!

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