por Melina Nucci de Oliveira
O Terapeuta
Ocupacional é um profissional que não tem limites em suas estratégias de
tratamento. É por isso que faz parte da nossa entrevista com o paciente
pesquisar seus gostos, seus interesses, seus hobbies e tudo o que lhe agrada.
Quando estamos na escola e apresentamos dificuldades em matemática, por
exemplo, não temos nem vontade de chegar perto dos exercícios, pois não temos
interesse em fazer o que consideramos difícil. Em contrapartida, se gostamos de
português, apresentamos um bom desempenho nas aulas, temos interesse no que há
para aprender e conseguimos boas notas nas provas.
Nossos
interesses tem influência direta no nosso desempenho, e o bom da Terapia
Ocupacional é que, geralmente, podemos incluir os interesses dos pacientes em
suas atividades direcionadas, tornando o momento prazeroso e obtendo melhores
resultados, uma vez que estaremos trabalhando justamente algo em que ele
apresente dificuldade.
E o que o cachorro tem a ver com
isso?
Não são
poucos os pacientes que possuem cachorros, ou que gostam deles. Assim, o
Terapeuta Ocupacional pode utilizá-lo como recurso terapêutico para trabalhar
demandas físicas, cognitivas, psíquicas, sociais, sensoriais, e assim por
diante. É preciso sempre adaptar a atividade para que esta se torne terapêutica
e significativa para o tratamento do paciente.
Assim, como
grande amante de cachorros, comecei a pesquisar a respeito de seu papel
terapêutico quando estava no terceiro ano da faculdade e descobri várias
informações interessantes:
- Pessoas
que convivem com cães têm a pressão arterial mais regular e níveis melhores de
colesterol e triglicérides que as demais pessoas;
- A
presença de cães diminui a incidência de depressão em idosos por aumentar a
produção de endorfina, e aumenta a sobrevida de vítimas do infarto do
miocárdio;
- A
convivência de crianças com cães diminui a incidência de asma e rinite
alérgica;
- Pessoas
autistas conseguem desenvolver sua interatividade com a ajuda dos cães;
- Entre
muitos outros benefícios.
Os cães
terapeutas devem ser devidamente adestrados e limpos para participar dos
tratamentos. Os resultados da introdução do co-terapeuta canino costumam ser
muito positivos, e podemos explorá-los de diversas formas para desenvolver
habilidades em nossos pacientes:
-
Habilidades físicas: coordenação motora, função bimanual, amplitude de
movimento, força muscular, treino de marcha ortostática e outros componentes de
desempenho motores podem ser estimulados com atividades como pentear o pelo do
cachorro, prender laços, jogar a bola ou o brinquedo para que ele busque,
levá-lo passear, carregá-lo, alimentá-lo, entre outras;
-Habilidades
cognitivas: atenção, memória, orientação temporal, orientação espacial,
organização e associações podem ser trabalhadas com os cuidados do cão,
estabelecimento de horários para sua alimentação e passeio, comparação de
tamanhos, cores e partes do corpo de cães diferentes, estabelecimento de
limites de espaço para sua circulação na residência, pesquisa sobre as
características das raças, e assim por diante;
- Habilidades
psíquicas: auto-estima, motivação e carência afetiva, por exemplo, podem ser
estimuladas pela presença e aceitação por parte do cachorro;
-
Habilidades sensoriais: sensibilidade tátil, percepção visual e audição podem
ser explorados nas sensações entre os diferentes tipos de pelos, cores e
latidos;
-
Habilidades sociais: interação com o meio ambiente, responsabilidade e cuidado
com o próximo são também desempenhos adquiridos ao conviver com um cachorro,
além de aproximar pessoas que também partilham desta mesma paixão!
Assim, o
Terapeuta Ocupacional pode explorar sua criatividade na prescrição de
atividades, dependendo do que precisa ser estimulado. O importante é auxiliar
nossos pacientes a atingir a sua máxima capacidade!
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