quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pet Terapia e Atividade Física Adaptada - Parte 1

Camila de Souza Lucena
Eliane Mauerberg-deCastro

O homem, por quase toda sua existência, explorou o ambiente natural com um olhar particularmente atento e
interessado por outras formas de vida, como por exemplo, os animais. Os animais foram domesticados aproximadamente há 15 mil anos (Chieppa, 2005; Fine, 2004). Os lobos e os cavalos foram os primeiros a ser domesticados e nunca mais saíram do convívio com o homem. O resultado foi um processo
adaptativo de subordinação ao homem. Muitas vezes, animais foram considerados como divindades, outras vezes, utilizados como força de trabalho ou simplesmente segurança de território (i.e., o lar). O convívio no lar para algumas espécies, como os cães, resultou numa mudança na dinâmica social entre os últimos que tornou o homem essencialmente o seu mestre, o líder numa relação predominantemente afetiva onde
o animal expressa sua lealdade e obediência inegociável.

Neste último século, a domesticação ampliou a percepção de profissionais—particularmente àqueles ligados às áreas humanas e de saúde—de que o animal pode ser considerado um distribuidor de benefícios psico-sociais. Neste contexto encaixa-se a pet terapia que pode ser definida como uma terapia alternativa mediada pelo uso do animal. Na pet terapia, o animal é considerado um co-terapeuta que promover melhor
qualidade de vida aos pacientes ou clientes (Dotti, 2005). Segundo Mauerberg-deCastro (2005), o objetivo das ofertas de terapias alternativas—e a pet terapia é uma delas— é reverter estados corporais desequilibrados por doenças, conseqüências de deficiências, ou simplesmente resultado de stress, e melhorar ou recuperar a saúde e o bem-estar.

O tipo de terapia por contato mediado por seres de outras espécies, como a canina é dividido em dois tipos: Terapia Assistida por Animais (TAA) e Atividade Assistida por Animais (AAA) (Blackman, 2003). A TAA utiliza o animal em sessões terapêuticas, sejam elas em clínicas, centros de reabilitação ou hospitais, e é administrada por profissionais (e.g., psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, etc.) da área clínica treinados na pet terapia. A AAA é mais utilizada por profissionais envolvidos com a área educacional e social. A
AAA consiste em visitação, recreação ou distração pelo contato com o animal. Os locais variam de hospitais, presídios, orfanatos, escolas ou mesmo parques.

Os animais de estimação participantes de um programa de pet terapia, seja TAA ou AAA, necessitam certos requerimentos e um protocolo de treinamento. É comum este tipo de envolvimento partir de uma iniciativa do dono. A afetividade do animal em geral, é o ponto de partida para tal interesse porque facilita sua inserção proposta.Os animais na pet terapia Existem diversas possibilidades na escolha dos animais que podem ser recrutados na pet terapia. Entre elas estão: cavalos, que podem ser utilizados como co-terapeutas em protocolos de reabilitação do controle postural, por exemplo.

Este modelo é chamado de equoterapia; golfinhos podem ser utilizados como estímulos terapêuticos na comunicação e expressão dos pacientes com distúrbios psicossociais ou emocionais. Este modelo é chamado de delfinoterapia. Outros animais como cães, gatos, peixes e pássaros também participam como terapeutas parceiros em programas variados de terapia alternativa. Os cães são os mais utilizados em programas de pet terapia por apresentarem comportamento dócil e de fácil adaptação.

Recomenda-se o uso de animais sem histórico de agressividade, com idade de até nove anos, em perfeitas
condições de saúde e livre de zoonoses, e que tenham um adestramento específico para companhia. O adestramento requer pelo menos treinamento de obediência, primeiro passo em qualquer adestramento canino. A escolha do animal deve ser feita tendo em vista as pessoas envolvidas: com crianças utilizamos cães mais ativos; com idosos e pessoas acamadas utilizamos cães menores, mais calmos e de pêlo liso, facilitando
o acesso à cama do paciente. O melhor período de adestramento do animal é no primeiro ano de vida, pois é neste período que sua personalidade é definida. Com isso o cão permitirá a manipulação em qualquer parte do seu corpo, não será agressivo aos esbarrões e puxões que podem acontecer decorrente da atividade em si e obedecerá aos comandos básicos do terapeuta ou do dono.

Fonte: Revista Adapta

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