quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pet Terapia e Atividade Física Adaptada - Parte 2

São inúmeros os benefícios que a pet terapia proporciona às pessoas que participam do programa. Algumas melhoras são imediatas como: sensação de bem-estar e alegria; outras variam e em geral são de mais longo prazo: auto-estima, quadros de ansiedade, depressão, hipertensão, problemas de comunicação, sensibilidade, entre outros.
Estudos mostram que pessoas que possuem animais sofrem menos problemas cardíacos e vivem mais. Em crianças que possuem animais de estimação, observou-se que elas possuem maior sensibilidade e maior compreensão com outras pessoas. Nos idosos, estudos mostram que a companhia de um animal pode, a longo prazo, reduzir o estresse, a pressão sanguínea, os trigliceres, açúcar e outros fatores (Kessopulos,
1974).
É comum que participantes da pet terapia se deparem com situações e emoções que só o contato mediado pelo animal pode proporcionar: manifestação de carinho, sorrisos, tocar e ser tocado, curiosidade, excitação, entre outros comportamentos. Com a pet terapia novas capacidades podem ser desenvolvidas, novos conhecimentos podem ser estabelecidos, reconhecendo nosso meio e melhorando a relação com o mundo ao nosso redor. Nesse processo existem interesses psicológicos de todos os que participam deste programa, sejam os pacientes, os terapeutas ou qualquer outra pessoa envolvida. Para que ocorra sucesso no
tratamento os administradores do programa devem ter a percepção das dificuldades expressa por ambos, participante e animal: qualidade da interação social, presença de ansiedade ou medo, nível de responsabilidade, confiança e carinho. Todos sabemos que um animal que confia e tem afeto pelo seu amigo humano, torna-se um guardião do seu bem-estar, e responsável e preocupa-se em não desapontá-lo. Ao mesmo tempo tem poucas expectativas e não julga o seu parceiro. Este último aspecto é que cria a vantagem na interação mediada por animais. Segundo Mauerberg-deCastro (2005), a interação física com um animal não tem os apegos típicos que nós seres humanos passamos uns para os outros. Atividades com animais, como a terapia canina, encoraja sentimentos profundos de amizade e confiança despretensiosa, sem
cobranças, culpa ou mesmo expectativas.
A pet terapia inserida na atividade física adaptada

O conceito de atividade física adaptada (AFA) é bastante amplo. Porém, todas suas definições estão relacionadas com as inúmeras possibilidades da motricidade humana. O termo “adaptado” é interdisciplinar, ou seja, está relacionado com o emprego de várias áreas de conhecimento. A AFA visa à promoção de saúde por programas educacionais ou de reabilitação e deve ser bastante diversificado a fim de que
todos os participantes envolvidos possam de alguma forma se beneficiar com o trabalho desenvolvido.
As metas das AFA podem ser atingidas de inúmeras maneiras. Tipicamente a AFA emprega o esporte, atividades aquáticas, a dança, atividades desenvolvimentistas com propósitos de reabilitação e educação motora. A pet terapia pode incorporar metas tradicionais da AFA e expandir o significado positivo da interação social que distingue a AFA das abordagens e práticas terapêuticas tradicionais. Um modelo como de pet terapia foi implantado por MauerbergdeCastro em 2003 no já existente programa de atividade física
dentro da Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Rio Claro, o PROEFA (Mauerberg-deCastro, 2006). O PROEFA (Programa de Atividade Física Adaptada) é um laboratório de práticas pedagógicas para alunos de educação física e de áreas afins da saúde.
No PROEFA, a pet terapia possui um formato específico que incorpora a tradicional rotina de treinamento de obediência canina e contextos de atividade física desenvolvimentista. Detalhes sobre obediência neste formato podem ser encontrados em Delta Society (2003) e MauerbergdeCastro (2005).
Em geral, o treinamento de obediência inclui: gerenciamento do comportamento, comandos básicos,
prática e consistência/rotina, condução, posturas, alerta e permanência, resposta ao chamado, controle
do stress (resistir a gritarias e medo das crianças), truques (não é fundamental para o pet terapeuta), faro
e busca (esta fase é considerada avançada num programa de treinamento do animal). (MauerbergdeCastro,
2005, p.517)
Numa rotina típica de pet terapia no PROEFA, os participantes—que incluem alunos com deficiência intelectual e alunos tutores provenientes de escolas regulares de 5ª. a 8ª. série—são apresentados aos animais com a finalidade de  familiarização e estabelecimento de regras. Dados históricos e de cuidados com cada animal são importantes passos nesta fase. Posteriormente são ensinados alguns comandos básicos,
como sentar, deitar, andar junto. Cada aluno é emparelhadocom seu tutor e um cão visitante. Em seguida os cães são guiados por um percurso livre (geralmente um círculo) no qual os pares trocam regularmente a função de guiar o seu parceiro. Ao longo da prática, o ambiente de AFA pode incluir percursos mais elaborados que exijam manobras e deslocamentos, mudanças de planos, situações que exijam equilíbrio e navegação (no caso de algum aluno estar vendado).
Nos encontros dentro do PROEFA com os cães, é comum observamos que os animais facilitam o entendimento dos alunos em relação às atividades propostas pelo professor.
Ainda, eles despertam a motivação para a socialização entre eles. Do ponto de vista físico, o ambiente da pet terapia demanda coordenação, consciência corporal, equilíbrio e orientação espacial, entre outras capacidades.
Em linhas gerais podemos dizer que os profissionais da saúde como educadores físicos, por exemplo, devem estar abertos a propostas alternativas dentro da sua prática profissional. A inserção de animais em terapias alternativas não é novidade e promove inúmeros resultados positivos para ambos, humanos e animais. Além dos benefícios motores, emocionais, sociais e espirituais, a pet terapia num ambiente como da AFA, mostra-se uma perfeita ferramenta terapêutica que ainda está por ser avaliada em seus benefícios específicos.

Fonte: Revista Adapta

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