sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Brasileira cria campanha para ajudar animais maltratados na Índia


Luciana Servulo é de Santos, no litoral de SP, e mora há 2 anos na Índia.

Intenção é cuidar de animais de rua para que eles tenham uma vida melhor.


Uma brasileira que estuda ioga e trabalha como voluntária para uma organização humanitária na Índia, em parceira com a ONU, se sensibilizou com os problemas e a falta de estrutura relacionada aos animais naquele país. Ela e outras mulheres indianas pedem ajuda, principalmente aos brasileiros, para que a situação para os animais que vivem no país melhore.

A cineasta, professora, terapeuta e diretora de projetos sociais Luciana Servulo da Cunha é de Santos, no litoral de São Paulo, e em entrevista via internet, contou ao G1 sobre sua vida na Índia e a triste realidade de animais domésticos, como gatos e cachorros, maltratados pela população e esquecidos pelo país.
Luciana foi pela primeira vez à Índia em 1986. Em retorno ao país, há dois anos, a brasileira conheceu uma realidade ainda mais diferente da que ela conheceu na primeira visita. Os animais domésticos são excluídos da sociedade, e na maior parte das vezes, os cachorros, por exemplo, servem para ser apenas cães de guarda. “Na Índia, principalmente no sul, em Kerala, não existe o costume de se ter animais em casa. Os animais, como os cachorros, são vistos, no máximo como guardadores e são mantidos em jaulas durante o dia inteiro e soltos a noite”, diz Luciana.

O primeiro contato com a ajuda aos animais no novo país foi quando três cachorros nasceram em frente ao seu apartamento. Os cães estavam bem debilitados e a mãe, mesmo por perto, não conseguia ajudar porque também estava muito fraca. “Os três já estavam com uns dois meses quando ficaram doentes e todos meus amigos, incluindo um veterinário indiano e um brasileiro, que consultei por telefone, disseram que eles não sobreviveriam, pois a doença não tem cura”, conta ela. Um dos cachorros sobreviveu e Luciana passou a chamar a cadela de Jaya, que significa vitória em sânscrito. “Milagrosamente ela sobreviveu e hoje está fortíssima e linda. Ela mora comigo”, diz ela.

Depois que Luciana conheceu Thankachi, uma senhora de 65 anos que tem paixão pelos animais domésticos, ela viu um caminho para mudar a realidade na Índia. Thankachi é uma ex-professora de Zoologia da Universidade de Kerala e,  mesmo sem muitos recursos, passou a levantar fundos para a construção de um abrigo e um hospital para os animais daquela região. Há oito anos Thankachi abriu uma filial de uma organização que cuida de animais. A intenção dela é cuidar desses animais de rua para que eles tenham uma vida melhor. Dois ex-alunos ajudam nessa tarefa.
Os voluntários já conseguem atender animais em um abrigo improvisado, mas a falta de infraestrutura prejudica bastante o trabalho, e a falta de água é uma das preocupações. “Com tantos anos de luta, Thankachi se tornou uma referência na região e as pessoas telefonam para seu celular pedindo que ela faça o resgate de animais doentes, o que é um problema, pois o abrigo não está em pleno funcionamento”, diz Luciana. Atualmente, há seis cachorros adultos, três filhotes, duas vacas e 23 gatos esperando para serem adotados.

O grupo já conseguiu comprar uma ambulância e parte do material da construção do abrigo, por meio de doações de entidades. Segundo Tankachi, a propriedade onde o abrigo está sendo construído foi 50% doada pela líder política e nora de Indira Gandhi, Maneka Gandhi, e 50% por Thankachi. “Maneka Gandhi é a única política indiana que luta pelo desenvolvimento, implementação e respeito às leis de bem estar dos animais”, diz a ex-professora.

O grupo também realiza o levantamento de fundos para os animais e a finalização da construção do abrigo e do hospital por meio da venda de fotos, pinturas e cartões. Além disso, organizam ações em prol do bem estar animal como acampamento móvel de médicos e veterinários para tratar de animais em áreas específicas de Kerala, um programa de esterilização para cachorros e gatos, operações de resgate de animais em emergência, programa de adoção, visitas às escolas para trazer consciência às crianças e estudantes sobre a questão de bem estar animal.
Depois de conhecer a iniciativa de Tankachi, Luciana passou a criar e iniciar uma campanha para arrecadar fundos para os animais. “Não foi uma decisão planejada, e sim, uma resposta espontânea do meu coração perante uma realidade dolorida. Eu tenho consciência de que diante de tanta miséria humana e tantas crianças passando fome aqui na Índia e no mundo, animais passam a não ser prioridade, entretanto, uma ajuda não exclui a outra”, diz a brasileira. Para isso, ela pede ajuda a amigos, parentes e a todos que tem contato em ambos os países.

Para que o grupo possa completar as obras do abrigo e do hospital, é necessário aproximadamente R$ 19 mil reais. Apenas para construir um poço para que elas possam levar água até o abrigo é preciso 3 mil dólares. Há outras formas de contribuição por meio da divulgação da campanha para os amigos, fazendo contatos para um possível patrocinador e organizando formas de angariar fundos, como rifas, por exemplo. Também é possível, enviar ideias, sugestões ou adotar a distância um cachorro indiano com um custo de  aproximadamente R$ 20 por mês para os adultos e até R$ 480 por ano, por um filhote. Para ajudar é necessário entrar em contato com o grupo por meio do email animaisnaindia@gmail.com.
Fonte: Portal G1

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