quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O melhor amigo da criança


Cães adestrados ajudam a tratar meninos e meninas com dificuldades motoras e cognitivas no Hospital Barão de Lucena

As paredes brancas da enfermaria dos hospitais em nada combinam com o colorido típico da infância. Estar internado, principalmente às vésperas do Dia das Crianças, não é sonho de nenhum pequeno, muito menos desejo de pai e mãe. Mas uma visita ontem ao Hospital Barão de Lucena (HBL), na Caxangá, Zona Oeste do Recife, trouxe leveza e renovou a esperança dos pacientes mirins. No gramado da unidade, cães adestrados aguardavam meninos e meninas para ajudá-los na cura e acelerar a alta hospitalar. Através da cinoterapia - tratamento pioneiro no Estado - os amigos de quatro patas deram uma força na recuperação de crianças com dificuldades motoras e cognitivas.

O projeto Cães Doutores é uma parceria entre o núcleo de terapia ocupacional do HBL e o Kennel Club do Estado, responsável pelo adestramento dos animais. O tratamento, com ares de brincadeira, tem benefícios reconhecidos cientificamente. A interação da criança com o cachorro trabalha as necessidades de cada paciente, como coordenação, movimento, concentração e sociabilidade. A meta é que a visita aconteça a cada 15 dias.

João Renan, 5 anos, e Brenda Martins, 7, foram algumas das crianças internadas no HBL a receber, da melhor maneira possível - com sorrisos escancarados e olhos iluminados -, a cinoterapia. João está internado desde 29 de agosto. Ele é cardiopata e já passou por duas cirurgias. A terceira e mais delicada de todas está agendada para amanhã. Segundo a avó do menino, Josina da Cunha Bonifácio, o neto sempre gostou de cachorros. "Ele, inclusive, roubou o meu. Um dia chegou em minha casa e disse que Pepi era dele", conta.

Mas quem vê João penteando os pelos de Polly, uma golden retriever, em nada desconfia da fragilidade da saúde do menino, a não ser pela pequena cicatriz em seu peito. "Ele é ativo e gosta muito de brincar, mas temos que ficar de olho porque seus dedinhos, às vezes, ficam arroxeados pela falta oxigênio", explica a avó.

Alheia às preocupações, a maior alegria para Brenda era jogar a bolinha para Polly ou passear com Sandy, uma fox paulistinha. O suporte para segurar o soro em nada atrapalhou a diversão da garota. "Ela tinha uma cisma grande com cachorro, mas se saiu muito bem hoje (ontem)", afirmou a avó Edjane Martins. "É muito bom", resumiu a pequena.

Segundo o diretor de adestramento do Kennel Club, Joaquim Cavalcanti, para participar da terapia, os cães passam por uma série de trabalhos e testes que avaliam a socialização. Além disso, todos os Cães Doutores são vermifugados e vacinados. O Kennel Club fica na BR-101, no quilômetro 15, em Paulista. Contatos podem ser feitos pelo telefones 3438. 5015 e 3433-1638.

ENTREVISTA - ANDREA SOUZA

"Levaremos cães para enfermarias"
Tido como grande amigo do homem, o cão mostra que também é hábil para ajudar na cura de crianças doentes. A terapeuta ocupacional do HBL Andréa Souza conversou com o JC sobre a Cinoterapia, experiência pioneira no Estado.

JC - Como será a implantação do método no hospital?
ANDRÉA - A expectativa é que o projeto beneficie, sobretudo, as crianças com problemas neurológicos e algumas síndromes progressivas. Além de atender esse público com comprometimentos específicos, podemos trabalhar com pacientes das enfermarias para humanizar o ambiente e levar um pouco de alegria às crianças que estão passando por situação dolorosa. A Cinoterapia pode tornar o processo de internação menos doloroso.

JC - De que maneira a Cinoterapia pode ajudar na recuperação das crianças do HBL?
ANDRÉA - Pesquisas comprovam que, durante o tratamento com cães, são liberadas substâncias que aumentam a sensação de bem-estar e fazem a depressão regredir. Vamos trabalhar as necessidades de cada paciente, como coordenação, movimento, concentração e sociabilidade.

JC - Quais os próximos passos do projeto?
ANDREA - Nossa meta é levar os cães para dentro das enfermarias para auxiliar na recuperação das crianças que não têm condições de vir ao pátio.

JC - Ainda existe resistência para inserir esse tipo de método nas unidades de saúde?
ANDREA - Sim. Nosso maior adversário ainda é a falta de informação. Mas para realizar o tratamento escolhemos aqueles cães de raças mais dóceis e todos são adestrados desde filhotes.

Da Assessoria de Comunicação do Cremepe.
Fonte: Jornal do Commercio.

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